O Dia Mundial das Bibliotecas celebra-se a 1 de Julho. Este dia visa enaltecer a importância da leitura na educação e formação das pessoas. O Manifesto da UNESCO sobre Bibliotecas Públicas refere-se à biblioteca pública como uma porta de acesso local ao conhecimento, fulcral para o desenvolvimento cultural do indivíduo e de todos os grupos sociais. Assim sendo, o Dia Mundial das Bibliotecas é o momento ideal para se dirigir à Biblioteca Municipal e requisitar um livro ou então para partilhar o livro da sua vida, numa maratona de leitura.
Celebrar a biblioteca, hoje, justifica-se? Qual é a sua importância numa era marcada pelo digital e pelo avanço da inteligência artificial, que proporcionam um acesso fácil e rápido à informação, comunicação, produção de texto e imagem? Pode-se pensar que é mais fácil criar conhecimento hoje em dia, uma vez que dispomos de textos, imagens e muitas outras formas de informação ao alcance de um clique.
Afinal, neste contexto, para que servem as bibliotecas?
A abundância de modos e conteúdos não garante qualidade nem fiabilidade, o que implica uma maior exigência, responsabilidade e consciência crítica e ética no acesso e uso da informação.
Assim, mais do que nunca, as bibliotecas são desafiadas a constituírem-se como espaços essenciais na promoção da liberdade, equidade e justiça, pilares fundamentais para a consolidação da democracia. Dada a sua natureza e diversidade de recursos, elas garantem o acesso livre e ilimitado ao conhecimento, pensamento, cultura e informação - bases indispensáveis para a construção de uma comunidade informada, crítica e participativa.
Num tempo em que somos simultaneamente consumidores e produtores de informação, multiplicam-se os canais, as fontes e também os riscos. A complexidade exige habilidades acrescidas e múltiplas literacias, o que torna a biblioteca cada vez mais relevante.
Com profissionais qualificados desempenhando o papel de mediadores, a biblioteca interpreta um papel fundamental na curadoria e organização da informação, conferindo confiança e credibilidade aos recursos que disponibiliza. Essa mediação assume uma importância ainda maior na biblioteca escolar, onde os professores bibliotecários além da gestão da informação, têm também uma intervenção direta nas aprendizagens, facilitando aos alunos aprender a aprender, a fazer e a ser.
Esses profissionais qualificados sustentam a sua ação em metodologias que favorecem a autonomia dos alunos, contribuindo para que estes desenvolvam conhecimentos, capacidades, atitudes e valores. Eles adotam várias estratégias com o propósito de despertar a curiosidade intelectual, desenvolver diferentes literacias que conduzam ao conhecimento e ao pensamento crítico. As bibliotecas tendem a configurar-se como verdadeiros laboratórios de aprendizagem, onde os alunos podem explorar, criar e expandir os seus horizontes num ambiente propício à interação, à troca e à aprendizagem colaborativa mais profunda e significativa.
O propósito da Rede de Bibliotecas Escolares é tornar as bibliotecas nas escolas cada vez mais espaços de inclusão, diversidade e equidade, onde cada indivíduo possa adquirir ferramentas que permitam construir um futuro melhor.
Quando se refere à biblioteca como o lugar destinado a todos “...todos, (mesmo a todos!) em dimensões que vão para além do saber enciclopédico, sem desprezar o conhecimento, mas entrelaçando-o com competências, atitudes e valores que capacitam para uma cidadania ativa, aquela em que as opções de cada um são conscientes e informadas.” [1]
Na escola, a biblioteca é cada vez mais convocada para colaborar na transformação da educação, pois reúne condições que permitem desenvolver o potencial humano, fornecendo instrumentos que valorizam o saber e contribuem para que cada estudante seja mais humano, completo e dotado de pensamento, emoções e humanidade.
A biblioteca que procuramos construir é aquela que proporciona ferramentas e oportunidades para pensar e construir um novo tempo, com confiança e sabedoria.
Celebrar a biblioteca, hoje, é celebrar a busca do saber, a diversidade cultural e o poder transformador e libertador da leitura – uma leitura plena profunda, multimodal e crítica, uma leitura capaz de encontrar as fontes mais qualificadas e de distinguir a verdadeira informação, uma leitura provocatória e empoderadora.
Como afirmou Volteire, "A leitura engrandece a alma".
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