terça-feira, 23 de abril de 2024

Dia Mundial do Livro

 O dia 23 de abril, Dia Mundial do Livro, é uma data escolhida  pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para celebrar o livro, incentivar a leitura, homenagear autores e refletir sobre seus direitos legais. A data comemorativa é simbólica e tem origem na história da literatura mundial. Foi no dia 23 de abril que morreram três grandes escritores: o inglês William Shakespeare, o espanhol Miguel de Cervantes e o peruano Inca Garcilaso de La Vega.



História do livro: Como surgiu o livro que conhecemos hoje?

A história do livro é tão antiga quanto a história da escrita. Desde 6 mil anos atrás já surgiam os primeiros "protótipos" de livros. O que foi modificado, até o objeto livro que conhecemos hoje, foi o material e a técnica escolhida para grafar as letras do alfabeto a partir das inúmeras inovações. Ou seja, antes era gravado pelos povos antigos (babilônios, egípcios, gregos, sumérios, etc) em placas de argila, cascas de árvore, pedra, madeira, barro, folhas de palmeiras. Posteriormente, o suporte para a impressão dos textos foi o papiro (planta mais resistente), pergaminhos (pele de animal), códices (manuscritos de madeira), folhas de papel , até chegarem na era digital dos livros eletrônicos. No Egito antigo, os "escribas" ou “escrivães" eram pessoas responsáveis pela leitura e produção dos textos nos papiros, espécies de plantas usadas desde 2.500 A.C., por sua vez, constituíam um grande rolo de folhas pregadas umas às outras. Foi por esse motivo, do demasiado volume, que surgiram os pergaminhos, suportes de peles de animais (carneiro, cabra, ovelha, etc), muito utilizados  pelos "monges copistas" da Idade Média. O livro, um produto intelectual, surgiu da necessidade dos povos de guardar o conhecimento e passá-los de geração em geração. É um objeto de enorme valor cultural e histórico, muito importante para a disseminação do conhecimento no mundo. Nesse sentido, vale lembrar que na Idade Média os livros eram considerados objetos de imenso valor e por isso, acessível somente para uma pequena parte da população (nobreza e clero). Além disso, muitos livros eram considerados impróprios pela Igreja Católica:  a maioria dos livros eram de religião, enquanto outros de história, astronomia, literatura e filosofia, ficavam restritos a um número menor ainda. Nesse contexto, é importante destacar que a maioria das pessoas não sabia ler ou escrever, o que dificultava ainda mais a disseminação desse conhecimento. Um fato muito importante que ocorreu em fins da Idade Média, ou ainda, da passagem da Idade Média para a Idade Moderna, foi o surgimento da imprensa, em meados do século XV. Na Europa, fatores como o declínio do sistema feudal, o surgimento da burguesia e as reformas protestantes foram afastando as imposições da Igreja e abrindo um leque de possibilidades para as pessoas, que, ao mesmo tempo, se sentiam impossibilitadas de expressarem suas opiniões. Esses acontecimentos impulsionaram a elaboração de método de impressão tal qual a prensa móvel, primeiro descoberta na China por Pi Sheng, depois pelo alemão Johannes Gutenberg (1398-1468). A partir de sua técnica, jamais antes vista pela população inglesa, foi o gatilho necessário para permitir o acesso aos livros ao restante da população. A partir daí, a popularização do livro ganhou força no mundo inteiro, considerado atualmente um dos objetos mais importantes de acesso ao conhecimento. Com o tempo, foram surgindo livros didáticos, livros de histórias infantis, livros de poesia, dentre outros. Hoje, quando entramos numa biblioteca ou livraria, é difícil de imaginar que se estivéssemos na Idade Média, estaríamos adentrando um mundo quase intocável, mágico e místico. No entanto, é muito complicado para nós, seres do século XXI, pensarmos nesse contexto, uma vez que a popularização do livro ganhou proporções massivas.

 

 

A história do livro no Brasil

No Brasil, o livro foi introduzido no período pré- colonial pelos portugueses, sobretudo pelos jesuítas, figuras que participaram da colonização indígena, bem como da educação formal no país. Já no século 20, o escritor e editor pré-moderno Monteiro Lobato foi responsável pela maior divulgação dos livros no país, segundo ele: "uma país é formado por homens e livros".

 

Importância da leitura pro desenvolvimento intelectual

Os  livros têm sido instrumento fundamental no desenvolvimento intelectual e espiritual de pessoas por todo o mundo. É através das páginas dos livros que podemos conhecer diferentes histórias, realidades, pessoas e culturas, sem precisar sair do lugar. No início, na época das cavernas, os homens primitivos já registravam, ao seu modo, o cotidiano.  Eram as chamadas pinturas rupestres, que já indicavam que, desde o princípio, o ser humano tinha noção de proporções e senso artístico. No entanto, só foi possível registrar a história da humanidade, de fato, a partir do surgimento da escrita. Ou seja, a partir de 5 mil anos atrás. Com a escrita, o ser humano passou a conseguir registrar sua história por meio de documentos e dos primeiros livros. No entanto, nessa época, os livros ainda eram muito diferentes do que estamos habituados a ver hoje, pois dependiam dos materiais que cada sociedade tinha à sua disposição. Na região do oriente, foram encontrados os primeiros livros, feitos pelo povo sumério, a partir do barro, na forma de pequenas lajotas. Enquanto isso, os egípcios, povo vizinho aos sumérios, escreviam seus livros sobre papiro, formando rolos de até 20 metros de comprimento! A  maior  biblioteca da antiguidade foi a de Alexandria, com 700 mil livros em rolos de papiro.

Livros de sustentabilidade e tecnologia

O consumo de livros digitais cresceu no Brasil  durante a pandemia. Segundo levantamento do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), editoras com conteúdo digital tiveram em 2020 faturamento 43% acima do registrado em 2019, época em que a quarentena ainda fazia parte de um horizonte distante no país. Além de smartphones e tablets, a leitura desses livros tem como aliadas as telas do e-readers, aparelhos eletrônicos que imitam o papel e a tinta de um livro comum. Leves e compactos, esses dispositivos têm a seu favor o fato de serem capazes de armazenar milhares de títulos sem a necessidade de impressão de uma só página. Embora no Brasil a produção de papel não cause a destruição de florestas, uma vez que produtos de celulose e papel são fabricados exclusivamente com madeira de reflorestamento, será que os livros digitais seriam mais sustentáveis do que os livros impressos? Da produção ao descarte, que tipo de impactos os e-readers podem trazer ao meio ambiente? Por se tratar de um aparelho voltado a uma prática que costuma ser solitária, as trocas motivadas por status, design e modernidades tecnológicas seriam menos frequentes do que ocorre com smartphones e tablets. Um relatório da Green Press Initiative (GPI), organização não governamental que analisa o impacto ambiental da indústria editorial, aponta que os benefícios do e-reader se tornam maiores de acordo com o número de livros baixados pelo usuário. Se o leitor, por exemplo, consumir até 30 livros impressos ao longo de um ano, haveria menor impacto, o que desestimularia o uso do livro digital. Já se houvesse a leitura de 60 a 90 títulos por ano, os e-books apresentariam maior vantagem em termos de sustentabilidade. É preciso ter em vista que, assim como a indústria gráfica, a produção de e-readers também demanda recursos como água e energia elétrica, além de emitir gases do efeito estufa na atmosfera. Enquanto a produção de um livro emite cerca de 4kg de gases nocivos à atmosfera, um e-reader como o Kindle, da Amazon, emite 168 kg desses gases ao longo de seu ciclo de vida. Tudo isso precisa ser levado em conta. No caso do livro digital, alguns estudos estimam ainda que a vida útil de um aparelho seria de pouco mais de 4 anos. No caso do livro impresso, a vida útil do produto poderia ser estendida com o compartilhamento ou a doação do item a bibliotecas, por exemplo. Embora possam ser reciclados, nem sempre os produtos eletrônicos chegam a ter componentes reaproveitados. Em 2019, apenas 3% de 2 milhões de toneladas desses resíduos foram recicladas.  O maior desafio, tanto para conteúdos impressos ou digitais, é o processo de descarte do produto ser realizado de forma ambientalmente correta.

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